Vale a pena: “Scandal”
Minha relação com Shonda Rhimes é de puro amor e ódio, desde quando “Grey’s Anatomy“, criada apenas para tapar buracos na programação da ABC, chegou com tudo, para abalar toda aquela estrutura que conhecíamos sobre seriados. Com o lançamento de “Private Practice“, uma das melhores séries de todos os tempos (saudades, Addie!), Shonda mostrou que é capaz de nos emocionar e nos deixar chorando na cama, meia hora depois que o episódio acabou.
E foi com essa reputação, quando descobri que Shonda aprontou mais uma série, que precisei conferir a caçula “Scandal“. Ainda sem emissora fixa no Brasil, a atração protagonizada por Kerry Washington retrata os bastidores sujos da Casa Branca, o que está por trás da eleição de um presidente jovem, quais são as jogadas pela busca incessante pelo poder e, ao meio disso tudo, como é possível sentir, lidar e vivenciar os sentimentos humanos, como carinho, amizade, fidelidade, lealdade e, no topo da lista, o amor.
Olivia Pope (Washington) trabalha como mediadora de crises e, junto com ela, estão Harrison Wright (Columbus Short), Abby Whelan (Darby Stanchfield) e o misterioso Huck (Guillermo Díaz). Quando algum escândalo atormenta a vida de alguma celebridade, de algum político (ou somente de alguém com muito dinheiro), Olivia e sua equipe trabalham incansavelmente para varrer os escândalos para baixo do tapete e “restaurar” a imagem, até então, manchada.
Olivia é boa no que faz e sua principal tarefa e obter o sucesso em seu trabalho, seja para ganho pessoal ou para satisfazer algum cliente. Mas antes de ser uma trabalhadora autônoma, a senhorita Pope é, nada mais, nada menos, do que o grande amor da vida de Fitzgerald (Tony Goldwyn), presidente dos Estados Unidos da América. Básico!
Olivia e Fitz têm um passado juntos. Ela trabalhou na campanha que o elegeu presidente e, efetivamente, foi a responsável principal pela vitória nas urnas do país. Durante os trabalhos, Fitz se apaixonou e Olivia cedeu aos apelos do galã, mesmo sabendo que ele tem uma esposa, que também faz parte do comitê. Mellie Grant (Bellamy Young), agora Primeira Dama, precisou vestir a carapuça política e deixar de lado as amarras sentimentais. Ciente do caso de seu marido com Olivia, Mellie esconde um coração machucado, uma esposa saudosa de quando a política não havia levado a alma de seu companheiro e ela tinha confiança e segurança no homem que conheceu e por quem se apaixonou.
No contraponto, temos Cyrus Beene (Jeff Perry), o braço direito de Fitz. Sem a perseverança constante de Cyrus, o presidente não teria condições, sequer, de escovar os dentes sozinho, uma vez que é totalmente dependente, nos mais diversos sentidos. Beene divide a vida com seu marido James (Dan Bucatinsky), que assume o comando do jornal da Casa Branca e promete investigar o que acontece por trás da politicagem imunda que seu marido está envolvido. James promete para Cyrus que deixará o jornal, desde que o casal adote uma criança. Ainda estamos lidando com isso.
Escândalos políticos são o cerne do programa, porém, a relação dolorida de Olivia e Fitz nos dá o núcleo dramático, sofrido, com a delicadeza exata que somente Shonda Rhimes é capaz de proporcionar. Ficamos num impasse, não temos certeza se devemos torcer pelo envolvimento emocional definitivo dos dois, ao passo que conhecemos o que existe no coração partido de Mellie, cujo único objetivo foi apoiar a candidatura do marido, que no meio do caminho se apaixonou por outra.
“Scandal” acerta na dose correta de drama e mistério. Em uma única cena, Shonda é capaz de surpreender, de chocar e de nos emocionar. A segunda temporada está fervendo e, até então, não sabemos nada sobre Huck ou as reais razões que trouxeram Quinn Perkins (Katie Lowes) para o time Olivia. Quais são as consequências do que Olivia, Cyrus, Mellie, Hollis (Gregg Henry) e Verna (Debra Mooney) fizeram para eleger o presidente Fitz?
Quer saber mais sobre o bafão? Acompanhe “Scandal”, é entretenimento de qualidade, na certa!