“Swingtown” — uma boa pedida para uma época de reprises
Havia escrito este texto para o TeleSéries há exatamente um mês atrás e, até então, não havia publicado aqui. Apresento minha dica para o mid-season (que ainda não acabou e continua fraco). É uma resenha, muito opinativa por sinal, mas se não fosse repleta de comentários pessoais, não seria uma resenha.
Primeiramente, deixe de lados todos as suas crenças e valores pessoais. Você não pode ser empírico ao assistir “Swingtown“. Em seguida, abaixe suas expectativas para com o piloto. Ele é fraco, mas apresenta de forma clara todos os personagens da série. Logo no começo, conhecemos a família Miller, liderada por Bruce (interpretado por Jack Davenport, o Steve de “Coupling”), um pai liberal casado com Susan (Molly Parker, a Alma de “Deadwood“), uma dona-de-casa que é ainda mais liberal que o marido. Pais de dois filhos, os Millers vivem num bairro suburbano, aquele repleto de vizinhos amáveis, simpáticos, uma Wisteria Lane dos anos 1970.
Só que no lugar dos assassinatos, fofocas e casamentos fracassados de Wisteria Lane, temos duas famílias adeptas do swing (troca de casais). Tom e Trina Decker — o casal next door — são os responsáveis por introduzir (sem trocadilhos infames) Bruce e Susan ao mundo obscuro e coberto de tabus do swing. Numa festa repleta de swingers, drogas e muita bebida à beira da piscina, Susan e Bruce têm seu primeiro contato com a troca de parceiros. E, tudo indica que os dois não vão parar por aí.
Além da temática ousada, a série traz outros personagens que não fazem idéia do que acontece entre as quatro paredes dos swingers. Tem adolescente apaixonada por professor garotão, tem filha de drogada que foge de casa e vai morar na floresta. E tem dois melhores amigos que vivem em constante conflito, mas que encontram um ponto em comum: passar o máximo de tempo possível no porão, com uma caixa de revistas eróticas.
E claro, numa série com esse tema, é óbvio que teremos a família conservadora que recrimina o estilo de vida dos trocadores de casais. A família Thompson, formada por Janet e Roger, é uma espécie de Bree e Rex Van de Kamp. Ela precisa que tudo seja perfeito, impecável, enquanto ele prefere ficar longe das neuras da esposa e apenas faz o papel do marido compreensivo. E não precisa dizer que Janet é aquela mulher amarga, cujo destino não foi de acordo com o planejado. Só que Janet nem imagina que seu comportado marido — e melhor amigo de Bruce — está curioso e todo mundo sabe que a curiosidade matou o gato.
Eu ouvi (e li) muitas críticas nos últimos 3 meses sobre a série. Mas não baixei a bola e continuei assistindo. Agora, mais do que nunca, num mid-season fraco, “Swingtown” é uma excelente pedida para substituir a TV a cabo e sentar na frente do computador para acompanhar. O elenco é fantástico, até mesmo com o pé frio do Mark Valley. E para quem sente saudades da Dana Fairbanks (Erin Daniels) em “The L Word“, é possível vê-la como uma advogada que — pasmem — também é uma adepta da troca de casais.
E como toda série de TV aberta, “Swingtown” não vai tão fundo como uma série da HBO ou do Showtime. Não existem cenas fortes. Há apenas o assunto em questão e, uma vez que os casais “entram em ação”, apenas acompanhamos as consequências do prazer grupal. Então não espere peitos, bundas ou coxas. A série é bem comportada, as saias são longas e os decotes nem sequer são considerados.
E uma notícia para quem pretende acompanhar as aventuras sexuais de “Swingtown”: a CBS, emissora que exibe o programa nos Estados Unidos, colocou a série no pior horário da semana, às sextas-feiras, às 22h. A média de telespectadores está na casa dos 6 milhões, um número considerado baixo para os padrões da CBS. Mas se “Ghost Whisperer” sobreviveu no mesmo dia e foi renovado para seu quarto ano, as chances de “Swingtown” atingir uma temporada completa com 22 episódios é grande.
Então agora é só baixar os 8 episódios disponíveis na internet e se divertir. A trilha sonora é bacana, bem “disco”, bem 70s. Dê uma chance para “Swingtown”, com certeza é melhor do que assistir as intermináveis reprises da TV por assinatura.