Lei Antifumo: como fica o cigarro na TV?
No último dia 07 de agosto, o Estado de São Paulo deu um importante passo em defesa da saúde pública. Com a entrada da nova legislação antifumo, fica proibido fumar em ambientes fechados de uso coletivo como bares, restaurantes, casas noturnas e outros estabelecimentos comerciais. Mesmo os fumódromos em ambientes de trabalho e as áreas reservadas para fumantes em restaurantes ficam proibidas. A nova legislação estabelece ambientes 100% livres do tabaco.
E na TV, como fica? De acordo com informações da Secretaria Estadual de Justiça, os atores e atrizes estão liberados para fumar em locais fechados na TV, mas desde que seja apenas para compor um personagem para programas fictícios, como novelas e seriados. No entanto, a emissora que permitir o cigarro na gravação ou exibição ao vivo de programas de entretenimento ou jornalísticos feito em estúdio fechado, em São Paulo, será notificada. Imagens exibidas com gente fumando podem ser usadas como base para as autuações.
Mesmo com suas gravações no Rio de Janeiro, a Rede Globo afirma que prefere ser politicamente correta e não remar contra a maré. Segundo o diretor-geral da emissora, Octávio Florisbal, o cigarro será tirado de cena sempre que possível. “Faz tempo que a Globo não exibe novelas com personagens fumantes. Sempre que possível, vamos ficar do lado da lei”.
Já no caso dos seriados policiais, como é o caso de “Força Tarefa”, no qual delegados e traficantes são figuras fáceis, a fumaça não deverá sair de cena. Para a especialista do Núcleo de Televisão da USP, Maria Thereza Fragga Rocco, o cigarro já faz parte do cenário policial e vai ser difícil tirá-lo. “As pessoas se acostumaram a ver gente fumando em ambientes fechados como delegacia. Acho que vai causar um estranhamento no público a ausência deles”.
Vale lembrar que, em meados da década de 1980, o cigarro era constante no seriado “Plantão de Polícia” (1979), de Aguinaldo Silva. “Foram poucas as cenas em que os jornalistas Waldomiro Pena (interpretado por Hugo Carvana) e Serra (papel de Marcos Paulo) apareceram sem cigarro”, diz Aguinaldo. O mesmo aconteceu em “Força Tarefa”. O autor Marçal Aquino evitou o cigarro, mas em sequências onde o tenente Wilson (Murilo Benício) teve de deter traficantes, a fumaça foi grande.
Já Alexandre Avancini, diretor do seriado “A Lei e o Crime”, da RecordTV, fala da importância do cigarro para a dramaturgia. “Sou contra o cigarro, mas para nós ele é importante. As pessoas sabem que aquilo é ficção. O cigarro complementa a ideia de que um personagem é mafioso ou vilão”.
Lauro César Muniz, que também faz uso do adereço para os mafiosos italianos de “Poder Paralelo”, também da Record, se revolta. “Já estou até me acostumando com essas restrições da TV”, diz o autor, referindo-se aos recentes cortes feitos em sua novela a pedido da Record. Na emissora comandada pelo bispo Edir Macedo, no entanto, a regra é nada de fumo. Nenhum personagem de série ou novela fumando pode ser, sequer, fotografado.
Mas existe uma pequena exceção na Record e ela está em “A Fazenda”. O reality show, que já teve dificuldade de levantar elenco para a 1ª temporada, vai admitir participantes fumantes para a 2ª edição, que estreia em novembro. Já Boninho, da Globo, não quer saber de nenhum concorrente fumante na próxima edição do “Big Brother Brasil”. Desde a edição passada por uma questão, segundo ele, de saúde, os fumantes não foram selecionados.
O diretor Marcos Paulo, responsável pelo seriado teen “Malhação”, reclama do fato de a emissora nunca ter tido uma posição clara. “A gente precisa chegar a um consenso. Eu evito [o cigarro] por bom senso”. No caso das novelas, o cigarro só tem aparecido ao lado dos vilões para reforçar um comportamento negativo. Silvia (vivida por Alinne Moraes), em “Duas Caras” (2007), fumava cigarro de palha, assim como Nazaré (Renata Sorrah), em “Senhora do Destino” (2005).
Benedito Ruy Barbosa, por sua vez, não apoia a descaracterização de personagens. “Eu sempre lido com personagens rurais e o público sabe que aquele cigarrinho é do universo deles”. E Maurício Farias, diretor do humorístico “A Grande Família”, também não tem planos de mudar os vícios de Marilda (personagem da atriz Andréa Beltrão), dona de um salão de beleza. “Assim como qualquer outro ser humano, a Marilda tem um vício que é o cigarro. Estamos há oito anos no ar desse jeito. Se ela abandonar o vício na ficção, não será pela lei”.
Olá!
Não deveria existir qualquer tipo de propaganda de cigarros em local algum. Deveria exisir uma campanha sistemática para evitar que os jovens passassem a fumar, além de haver outra campanha para que as pessoas que fumam deixassem esse vício.
Abraços
Francisco Castro